Amanhã é dia das mães. Eu to aqui com eles. Comprei um presentinho pra ela, pedi pra quase todos os amigos assinarem o cartão. Eu sei que isso não vai trazer ele de volta, mas pelo menos ela vai se sentir um pouquinho mais pertinho dele.
Tudo isso é ainda tão irreal. Surreal, eu direi. Não da ainda pra entender. Não da pra entender que ele nunca mais vai voltar, que eu nunca mais vou ouvir a voz dele. Isso é tudo muito doido. As vezes é tão bom esquecer, mesmo que por milésimos de segundos, que ele se foi. É tão bom pensar que eu já já vou ve-lo, que ele ta chegando em casa e que ele vai abrir a porta, um sorriso e me chamar de Marida. Mas ai eu me lembro de tudo de novo e ai é como se eu tivesse perdendo ele pela primeira vez.
Lembro bem quando me despedi dele pela ultima vez, quando ele ainda estava consciente. Uma despedida como outra qualquer, muitos eu te amo, look after yourself, i will love you forever, see you soon. Eu estava indo pra Espanha me encontrar com meus pais, seriam apenas 10 dias e depois nós voltariamos pra passar o Natal juntos. A viagem teve que ser interrompida na metade e quando eu cheguei la ele ja estava meio inconsciente. Lembro quando sentei ao lado dele, ele abriu os olhos, eu disse ¨I love you¨ e ele sussurou ¨I love you too¨. Essas foram as últimas palavras, minhas últimas palavras. E sinceramente, a melhor despedida. Não tinha nada pra ser dito, just nothing to be said! Tudo era tão genuino e sincero e foi tudo vivido tão intensamente, que não precisamos de despedida. Vivemos juntos, juntissimos, dividimos todos os momentos e nos declaramos um ao outro diariamente, frequentemente. Acho que tudo era tudo perfeito demais pra ser verdade, neh. Ele teve que ir, porque ele era especial demais pra ficar nesse mundo.